MAIO_2012

06_Domingo_Linha Vermelha, José Filipe Costa, M/6, 80'
13_Domingo_O Artista, Michel Hazanavicius, M/12, 100'
20_Domingo_Vergonha, Steve McQueen, M/18, 101'
27_Domingo_Rafa + Nana, João Salaviza e Valerie Massadian, 25' e 68'
30_Quarta feira_Fúria de Viver, Nicholas Ray, M/16, 107' - entrada livre

LINHA VERMELHA domingo 06

POR, 2011, Cores, 80 min.


Título original: Linha Vermelha // De: José Filipe Costa // Género: Documentário


“Torre Bela”, de Thomas Harlan, é um documento único e extraordinário sobre a ocupação da Herdade da Torre Bela no Ribatejo no pós-25 de Abril. A 23 de Abril de 1975, ex-trabalhadores agrícolas e ex-prisioneiros políticos invadem a quinta, propriedade do duque de Lafões, numa acção rara no Ribatejo, quando a maioria das ocupações se passavam no Alentejo e o Ribatejo permanecia refúgio da direita. 37 anos após a rodagem deste filme, José Filipe Costa volta aos seus protagonistas e à sua equipa. De que maneira Harlan interveio nos acontecimentos que parecem desenrolar-se naturalmente frente à câmara? O que é feito hoje dos heróis da altura? O que pensam sobre a ocupação e sobre o filme “Torre Bela”? Que memórias
têm dos acontecimentos? “Linha Vermelha” pretende ser um estudo sobre o filme de Harlan e, ao responder
a estas questões, demonstrar como “Torre Bela” continua a marcar a história de um período revolucionário português.


O ARTISTA domingo 13

BEL/FRA, 2011, Preto e Branco, 100 min.


Título original: The Artist // De: Michel Hazanavicius // Com: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman
Género: Comédia Dramática // Classificação: M/12


Hollywood, 1927. George Valentin (Jean Dujardin) é a grande estrela da noite de estreia de “A Russian Affair”, o seu mais recente filme. Nesse evento, conhece Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma jovem bailarina e actriz em início de carreira. Com apoio de Valentin, que depressa se torna seu mentor e amigo, ela vai sendo acarinhada no meio, conquistando pouco a pouco mais protagonismo. Porém, dois anos depois, com o
aparecimento do som na indústria cinematográfica, inicia-se o fim do cinema mudo e, por consequência, da carreira de Valentin. Absolutamente crente de que o som não será mais do que uma moda que em breve cairá em desuso, mas sem ninguém que produza um filme seu, o galã decide investir toda a sua fortuna na produção de uma nova película, cujo fracasso acaba por o levar à ruína. Até que, desesperado e quase a atentar contra a própria vida, reencontra Peppy Miller, hoje transformada em grande diva do ecrã, que tem ainda presente algo fundamental: a gratidão para com alguém que esteve ao seu lado quando o sucesso pouco mais era do que
uma simples miragem. Escrito e realizado pelo francês Michel Hazanavicius, depois de estrear na última edição do Festival de Cannes, recebeu vários prémios por todo o mundo e está nomeado para dez Óscares, entre os quais melhores filme, realizador, actor, actriz secundária e argumento original.

VERGONHA domingo 20

GB, 2012, Cores, 101 min.


Título original: Shame // De: Steve McQueen // Com: Michael Fassbender, Carey Mulligan, James Badge Dale
Género: Drama // Classificação: M/18


Aos trinta e poucos anos, Brandon (Michael Fassbender) é um bem-sucedido irlandês com um cargo de topo numa grande empresa de Nova Iorque. A viver sozinho num pequeno apartamento, tem a vida controlada ao milímetro. Porém, por trás de uma máscara de autocontenção, está um homem a viver no limite. Numa luta constante entre um medo incontrolável de intimidade e uma ânsia de sexo, ele vive de encontros ocasionais com estranhos. Até Sissy (Carey Mulligan), a sua irmã mais nova, aparecer sem pré-aviso e instalar-se
no seu apartamento. Brandon perde então todo o controlo sobre a sua vida e a sua sexualidade. Quatro anos depois do êxito do filme “Fome” (também com Fassbender como protagonista), Steve McQueen regressa ao
tema da liberdade, desta vez focando o vício enquanto prisão da própria mente. Nomeado para Leão de Ouro na edição de 2011 do Festival de Veneza, arrebatou o prémio FIPRESCI - Prémio da Crítica Internacional.

RAFA + NANA domingo 27


RAFA
25 minutos, Portugal

de João Salaviza // com Rodrigo Perdigão, Joana de Verona, Nuno Bernardo

Vencedor Leão de Ouro Festival Berlim 2012 Rafa é a história de um rapaz que às seis da manhã descobre
que a mãe está detida pela Polícia. Na mota de um amigo, cruza a ponte e vai a uma esquadra no centro de Lisboa para visitá-la e esperar pela sua libertação. As horas passam. E Rafa não quer voltar para casa sozinho.


NANA
68 min, França

de Valerie Massadian // com Kelyna Lecomte, Marie Delmas

Leopardo de Ouro - Melhor Primeira Obra no Festival de Locarno Nana é a história de uma menina de quatro anos que vive numa casa de pedra perto da floresta. Um dia, ao regressar da escola, encontra apenas silêncio em casa. Uma viagem à noite da sua infância. O mundo à sua altura. Um universo em formação, mas já decididamente angustiado. Eis uma sessão para salivar: “Rafa” e depois “Nana”, de
Valerie Massadian. Nesse momento de os apanhar quando estão ainda a descobrir a matéria de que os seus sonhos são feitos, “Nana” é criança com autoridade - obriga a câmara a colocar-se à sua altura.
Estreia na longa-metragem de uma fotógrafa e “modelo” para Nan Goldin, é uma aventura pelos bosques da infância, território já com pérolas (assim de repente: Truffaut, Kiarostami ou Panahi, Doillon, “A Noite do Caçador”, de Laughton, “Será Que Vai Nevar no Natal”, de Sandrine Veysset...) mas que Massadian volta a tornar precioso - para a crueldade. Todd Solondz, o outsider, anda há anos à volta do mesmo.
Tendo pensado desistir, após as dificuldades do catatónico “Life During Wartime”, colocou-se o desafio de continuar em movimento. “Dark Horse” (Cinema Londres, 24h) teria de ser diferente. Desta vez, disse, seria um filme sem violação, sem pedofilia, sem masturbação. É verdade, não é “Felicidade”. É uma possibilidade de dar outras possibilidades às personagens. Nunca se sabendo onde se está, é a tentativa de
chegar a um (outro) ponto justo: abrindo-se ao interior e à melancolia das personagens. O “dark horse” do título é Abe, homem feito mas agarrado às colecções de infância. E há Miranda, agarrada a antidepressivos. Podia(m) ser mais Solondz?

FÚRIA DE VIVER quarta feira 30

EUA, 1955, Cores, 107 min.


Título original: Rebel Without a Cause // De: Nicholas Ray // Com: James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo
Género: Drama // Classificação: M/16


É um dos mais míticos filmes do cinema americano, e foi o filme que construiu, definitivamente, o mito de James Dean que já tinha morrido quando “Fúria de Viver” se estreou na América. Mas dizer que “é um filme de James Dean” é pouco, já que também lá estão Natalie Wood e Sal Mineo. Além do mais, em tudo “Fúria de Viver” “é um filme de Nicholas Ray” provavelmente, o mais comovente dos filmes de Ray. É no prodigioso “scope” (que o cineasta utilizava como ninguém) que está coreografada esta assombrada dança da adolescência, este encontro cósmico de três almas gémeas que querem fugir do mundo que os rodeia a América puritana dos anos 50 para construírem um mundo só deles. Não por acaso, as sequências mais marcantes deste filme passam-se no planetário de Los Angeles e numa casa abandonada de Beverly Hills.