OUTUBRO 2014

05_Domingo_1960_ Rodrigo Areias, M/12, 68’ + A RUA DA ESTRADA_Graça Castanheira, M/12, 24’

12_Domingo_BOM DIA_Yasujiro Ozu, M/12, 93’

19_Domingo_O ACTO DE MATAR_Joshua Oppenheimer, Christine Cynn, M/16,115’

26_Domingo_IDA__Pawel Pawlikowski, M/12, 80’

1960 + A RUA DA ESTRADA Domingo 05


1960, Rodrigo Areias, M/12, 68’
A RUA DA ESTRADA, Graça Castanheira, M/12, 24’

1960
Em 1960, o arquitecto Fernando Távora (1923-2005) esteve durante cinco meses em viagem pelo mundo, registando as suas impressões dos países por onde passava. Meio século depois,
o realizador Rodrigo Areias (“Estrada de Palha”) pega nos escritos de Távora, dá-os a ler ao actor Marcos Barbosa e usa-os para sonorizar uma série de imagens em Super 8 filmadas nesses
mesmos locais. Apresentado na 37.ª Mostra de Cinema de São Paulo, Brasil, e no DocLisboa 2013, “1960” recebeu o prémio de Melhor Filme na 17.ª edição Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira.
“A partir do Diário de Bordo de Fernando Távora, Rodrigo Areias percorreu alguns dos locais onde o arquitecto esteve em 1960. Imagens de Tóquio, Nova Iorque - e a subida ao Empire State Building -, do México, do Egipto, são-nos apresentadas, sempre filmadas em Super 8, e acompanhadas, em voz off, pelos escritos de Távora, que se adequam na perfeição ao que assistimos, apesar da diferença de décadas entre ambos. Conhecemos os locais e, ao mesmo tempo, os comentários do arquitecto, de
admiração ou de desprezo por determinada edificação. Os melhores momentos de 1960 acontecem na ida a Taliesin, em Spring Green, e demonstram na perfeição as emoções fortes que Fernando Távora sentiu ao visitar a residência de Frank Lloyd Wright, bem como o lugar onde este se encontra sepultado. Apesar das dificuldades que se apresentavam, a insistência do arquitecto português falou mais alto: “Nem que eu tenha de ir a pé, vim de Portugal para ver Taliesin” foi a frase decisiva para que o levassem ao local. Também Rodrigo Areias nos leva lá, muitos anos depois, e faz-nos sentir as mesmas emoções.”

RUA DA ESTRADA
FILMES CAMPUS/ESTALEIRO
No âmbito do projeto Estaleiro (desenvolvido pela equipa do Curtas), desenvolveu-se o Campus, um programa de formação de estudantes de cinema. Como corolário deste programa foram produzidos quatro filmes, realizados por quatro cineastas portugueses, cuja equipa de produção foi composta por estudantes.
Em “A Rua da Estrada” percorrem-se as estradas nacionais, com a sua muito peculiar paisagem - sismógrafo do tempo que passa.
Lida pelo olhar avisado do geógrafo Álvaro Domingues, uma viagem por Portugal, tal qual é.

BOM DIA Domingo 12

1959, Cores, 94 min.

De: Yasujirô Ozu // Género: Drama, Comédia // Classificacão: M/12

Descontentes com a decisão dos pais, que recusam comprar uma televisão, dois irmãos resolvem fazer, como forma de protesto, uma greve de silêncio. É o início de um momento de crise, mas
também de mudança no seio da família Hayashi.
Da autoria do lendário realizador japonês Yasujirô Ozu, “Bom Dia” retoma um dos seus filmes anteriores, “Nasci, Mas...” (1932), mas trabalhando a cor e situando a trama no Japão do pós-guerra.
O filme é considerado uma obra-prima da fase final da carreira do cineasta.

O ACTO DE MATAR Domingo 19

GB/NOR/DIN, 2012, Cores, 115 min.

Título original: The Act of Killing // De: Joshua Oppenheimer, Christine Cynn // Género: Documentário // Classificação: M/16

Sukarno (1901-1970) era um nacionalista empenhado na independência da Indonésia em relação à Holanda, algo que conseguiu em 1945, tornando-se o primeiro presidente do seu país. Com o
passar dos anos, a sua administração foi forjando alianças com os comunistas. Quando, em 1965, Suharto (1921-2008) liderou o golpe de Estado que conduziria à deposição de Sukarno, foi inaugurada uma era de repressão sem precedentes. Sob as novas ordens de Suharto, foram criados esquadrões da morte cujo objectivo era o total extermínio de comunistas, activistas de esquerda, chineses e todos aqueles que se opusessem ao regime. Os números apontam para cerca de um milhão e meio de mortos e desaparecidos durante esse período. Os autores de tal violência nunca foram responsabilizados e hoje são promovidos pelo Governo e vistos como uma espécie de heróis nacionais. Décadas depois destes trágicos eventos, o documentarista norte-americano Joshua Oppenheimer chega à Indonésia determinado a fazer um filme sobre os sobreviventes e familiares das vítimas. Quando lhe é impossibilitado o livre contacto com essas pessoas, percebe que, por outro lado, tem acesso privilegiado a alguns membros dos esquadrões da morte. Para sua surpresa, estes homens, orgulhosos do seu papel na História do seu país, estão interessados em colaborar com as filmagens. Assim, Oppenheimer e os seus co-realizadores – a britânica Christine Cynn e um indonésio que quis manter o anonimato – filmam os protagonistas, que se assumem dando rosto e voz às suas histórias e encenando para as câmaras os terríveis eventos de que fizeram parte...
Este documentário, que conta com Werner Herzog, Errol Morris, Joram ten Brink e Andre Singer na equipa de produção, tem feito carreira em vários festivais internacionais, tendo recebido o Bafta
para Melhor Documentário e uma nomeação para o Óscar na mesma categoria.



IDA Domingo 26

POL/DIN, 2013, Cores, 80 min.

Título original: Ida // De: Pawel Pawlikowski // Com: Agata Kulesza, Agata Trzebuchowska, Dawid Ogrodnik // Género: Drama

Polónia, 1962. Com apenas 18 anos, Anna está decidida a fazer-se freira no convento onde foi acolhida na infância, após a morte dos pais. Antes que tudo se torne definitivo, e apesar
de reconhecer a sua inegável fé e dedicação, a madre superiora aconselha-a a sair do convento e procurar Wanda Lebenstein, irmã da sua mãe, que é também a única sobrevivente da família.
Quando a conhece, a rapariga fica a saber que o seu verdadeiro nome é Ida e que os seus progenitores foram vítimas do extermínio nazi. Determinadas a enfrentar o passado e perceber o que as levou até ali, as duas mulheres partem juntas em direcção à aldeia onde nasceram. Nesse lugar, Ida terá de escolher entre a sua origem judia e a religião cristã que a salvou da ocupação nazi. Por seu lado, Wanda terá de sarar as feridas provocadas por difíceis decisões que teve de tomar em relação a uma causa superior à sua própria família.
Escrito e realizado pelo aclamado realizador Pawel Pawlikowski (“A Última Oportunidade”, “Amor de Verão”), “Ida” recebeu o Prémio da Crítica Internacional no Festival de Cinema de Toronto
e o de Melhor Filme no Festival de Cinema de Londres.